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Mas afinal, o que é ásana?

(( Deve-se pronunciar “ássana” pois no sânscrito não existe o som do z))

Ásana é procedimento orgânico, são as técnicas corporais ou posições do Yôga. O Yôga Sútra de Patañjáli define ásana como toda posição firme e agradável (sthira sukham ásanam, capítulo II, 46.) Outra definição, esta atribuída a Shiva, o criador do Yôga, é de que existem tantos ásanas no mundo quanto seres vivos sobre a terra.” De acordo com estas duas definições o número de ásanas seria infinito, uma técnica em constante crescimento, pois cada praticante poderia através da sua experiência e autoestudo, acrescentar uma ou mais variações a sistematização do SwáSthya, que já conta com mais de duas mil técnicas. O Tratado de Yôga é a maior compilação já realizada na história do Yôga em todo o mundo.


A técnica mais difundida


O ásana é a técnica do Yôga mais difundida, talvez por ser a única que pode ser fotografada, filmada e demonstrada em público, já que fotografar pránáyáma, filmar meditação ou demonstrar mudrá, não seria tão atraente para o público leigo, a menos que fossem combinados com os procedimentos orgânicos.


Embora seja a mais difundida, isto não faz dela a mais importante, pelo contrário, lembre-se que o Yôga é uma filosofia. Não devemos entender o ásana apenas pelo prisma corporal, nem confundir a técnica com uma ginástica ou educação física. As origens são diferentes, as propostas e a metodologia são diferentes. Por exemplo, no Yôga Antigo não utilizamos aquecimento muscular antes dos ásanas.


Observe a foto abaixo e me diga o que esta pessoa está executando?


Ao observar a foto, poderíamos supor que ela está realizando um alongamento da ginástica olímpica ou do ballet ou ainda um se alongando antes da corrida. A foto não revela todas as características do ásana, que é técnica corporal sim, mas não exclusivamente corporal. Se for exercício físico não é Yôga.


Mas afinal, o que é ásana?


Para ser considerado ásana tem que ter três fatores:



Procedimento orgânico / Posição


Estável


A posição precisa ser firme, estável. Para quem observa deve lembrar uma escultura viva. Para quem pratica apenas o lado de fora está imóvel, da pele para dentro o movimento continua: o coração bate, o sangue circula, o ar entra e sai levando energia e oxigênio às suas células, mobilizando um conjunto de músculos, nervos e articulações.


A estabilidade deve ser mantida, transformando-se em firmeza de propósito, determinação, permanência. O praticante deve se autossuperar através da permanência.

Como eu sei que conquistei esta característica?

Quando o instrutor avisa que você já pode retornar da posição e você se surpreender desejando ficar mais tempo.


Quanto maior a permanência maior a área de atuação da técnica. O ásana produz energia. Se você fica fazendo e desfazendo a posição, vai e volta, você está desperdiçando esta energia ao invés de potencializá-la. Concentre-se em aflorar as partes mais rígidas e dar uma cota extra de energia as menos desenvolvidas.


Confortável


Superado o impulso pelo movimento constante, devemos buscar o conforto na posição. É justamente quando o corpo permanece imóvel num ásana que ele trabalha com mais intensidade.


O conforto é uma característica fundamental para você desfrutar da prática. Você não deve sentir dor. A finalidade dos ásanas não é cansar e sim energizar. Conceda um tempo para que o seu corpo vá se ajustando a posição, aos poucos a musculatura vai cedendo, se acomodando à técnica, e o seu corpo se transformará.


No Yôga Antigo a evolução se dá pelo prazer, pela satisfação e não pela dor ou sofrimento. O prazer é o truque da natureza para mantermos a disciplina.


Estética


Sem estética a posição não é agradável nem para quem observa nem para quem pratica.


Deve-se colocar a consciência nas extremidades, no posicionamento das mãos e pés, nos joelhos e cotovelos flexionados ou estendidos, mas jamais indefinidos. Na fisionomia descontraída, expressando a o conforto, a satisfação que a prática lhe proporciona. Comunicando assim ao seu cérebro e subconsciente que o que você está fazendo é prazeroso e agradável, assim ele vai desejar repetir a experiência.


Pratique sempre em um ambiente limpo e com temperatura agradável, observe a mesma limpeza e higiene com o seu corpo e a suas roupas.

Mesmo quando estiver praticando sozinho, procure vestir a sua melhor roupa. Você verá que isso influencia o esmero na execução.


Respiração

consciente


A respiração precisa ser consciente, nasal, silenciosa. É um ato vital, fazemos 24 horas por dia. Imagine a quantidade extra de prána, de bioenergia que você pode absorver respirando de forma mais consciente.





profunda


A respiração yôgi deve ser profunda, completa, utilizando a totalidade da estrutura pulmonar. Deve-se inspirar dilatando abdômen, músculos intercostais e peitorais. E exalar de forma inversa, recolhendo os músculos peitorais, intercostais e o abdômen.


ritmada


Definir um ritmo, uma cadência a respiração. Ela é dividida em quatro fases: inspiração, retenção com ar, exalação, retenção vazia. A cada ritmo respiratório corresponde um estado emocional, podemos influenciar nossas emoções alterando o ritmo da respiração.


Se você quer sedar, descontrair: inspiração < exalação. Expiração mais lenta = acalmar, tranquilizar, descontrair. Se você deseja energizar: inspiração > exalação.


Ao respirar pelas narinas, de forma consciente, profunda e completa, sinta prazer como se estivesse saboreando um delicioso alimento. Tenha sempre em mente que cada vez que inspiramos a vitalidade invade o corpo e oxigênio alcança cada uma das suas células. E isso é fundamental para um bom rendimento corporal.



atitude interior


localização da consciência


Não deve haver nada que lhe distancie do presente momento. É comum que o praticante pense assim: já que eu estou aqui com o corpo imóvel, vou pensar em outras coisas (repassar a agenda mentalmente, o que comer quando chegar em casa, o horário de pegar o filho na escola...). Isso reduz o a técnica a apenas um trabalho físico superficial.


Quando o corpo físico se aquieta, os demais corpos também tendem a entrar no estado de ásana. E quando você conquista este aquietamento pode conduzir a sua atenção para o trabalho corporal, localizando a consciência na área mais solicitada pela técnica, enviando assim um maior fluxo de sangue e energia para o local.


mentalização


Sobre a localização da consciência aplique mentalizações, potencializando assim o efeito da técnica. Converse com o seu corpo, remodelando-o a gosto, dizendo a ele exatamente o que você quer para que ele possa lhe avisar quando precisar de energia extra.


Visualize a musculatura mais forte ou flexível, nos imaginar executando a técnica com perfeição, na variação mais avançada do ásana. Pode-se ainda aplicar cores: azul celeste para sedar e laranja para estimular.


bháva


É um profundo sentimento, a emoção, o entusiasmo, sem o qual a prática ou qualquer coisa que se faça fica imcompleta. É o que potencializa e dinamiza a força da técnica.


Referências:

Tratado de Yôga, DeRose

Coreografias do SwáSthya Yôga, Anahí Flores

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