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Cultivando o sentimento de gratidão no sádhana e na vida


Eu escolhi falar sobre este tema porque um amigo que também é instrutor me pediu para conversar sobre um assunto a minha escolha com os alunos dele. E na época que ele me consultou eu estava lendo um livro que começou a despertar em mim o cultivo da gratidão no cotidiano. Então falar sobre pújá seria o mais adequado, já que no Yôga Antigo, ele é o feixe de técnicas que mais estimula este sentimento. Embora eu já lecione yôga há mais de dez anos e faça as reverências em minhas aulas e em minhas práticas pessoais, foi a pouco tempo que agradecer as bençãos da vida virou uma rito diário.


Eu sempre fui uma pessoa muito abençoada pelo universo, tenho uma família linda, tenho saúde, nunca passei fome ou qualquer outra dificuldade material, descobri cedo a minha vocação e tive a força, a confiança e a coragem de aceitar o meu dharma e exercer a minha profissão que eu tanto amo.


Quando me dei conta disso, pensei: o universo é tão bom para mim e eu agradeço tão pouco. Foi aí que comecei a cultivar o hábito de reservar alguns minutinhos todos os dias para listar coisas pelas quais sou grata e gerar no meu coração o fluxo do agradecimento e assim estabelecer e manter uma conexão com a fonte provedora de vida e abundância.


No início eu peguei um caderninho e comecei escrevendo. Listava cerca de cinco itens. No outro dia, quando ia escrever novamente, relia o que tinha escrito e procurava outros cinco motivos diferentes. E assim fui completando as páginas do meu caderno!


Pesquisando para falar sobre o tema encontrei o TED do psicólogo Shawn Achor, que é CEO da Good Think Inc. palestrante e escritor. Em seus estudos, ele mostrou que o bem estar no dia a dia pode ser melhorado com uma simples atitude: cultivar a gratidão. Segundo Achor, algo tão simples como escrever as três coisas que você é grato todos os dias durante 21 dias em um papel aumenta significativamente o seu nível de otimismo.

Confesso que eu não sei por quantos dias eu fiz minhas anotações, mas o importante é que funcionou! Agora já consigo fazer mentalmente. Virou um pequeno ritual que procuro fazer ao acordar ou antes de adormecer. E também durante o dia, sempre que me pego tomada por pensamentos negativos exercito o “músculo” da gratidão.


Como yôgins fica muito mais fácil incorporar esse hábito que já exercitamos no sádhana. Foi assim que comecei a cultivar o sentimento de gratidão na vida e pela vida!


No ashatánga sádhana, a prática em oito partes que é a principal característica do SwáSthya Yôga, o pújá é um dos feixes de técnicas, é a segunda parte da prática. Ele é dividido em quatro partes: ao local da prática, ao instrutor que ministra o sádhana, ao Mestre do seu instrutor e a Shiva, o patrono do Yôga.


O pújá é um comportamento universal de gratidão, reverência e lealdade que manifesta-se através de pensamentos, palavras, gestos e obras. É algo espontâneo, um comportamento inato e instintivo. Encontra-se presente no âmago de cada ser humano.


Para ser designado como pújá precisa ter um sentido hierárquico ascendente: do discípulo ao Mestre, dos filhos aos pais, do devoto a divindade, etc. Quando um aluno presenteia o seu professor, quando um filho homenageia seus pais, quando um soldado hasteia a bandeira do seu país, quando o neto pede a benção a sua avó, todos estes gestos são formas de exercer a gratidão. E existe uma força imensurável nisso.


O pújá encontra-se bem desenvolvido e estruturado no Oriente, especialmente na Índia. Lá homenagear os educadores é uma rotina, quer seja nas escolas de Yôga, dança, música, línguas, entre outras.


A forma mais simples de pújá é o cumprimento, nas artes marciais por exemplo, o estudante o pratica inclinando-se com respeito ao seu local de práticas, aos seus colegas e ao seu Mestre.


Em nossas aulas o fazemos através de mentalizações que são dirigidas as quatro partes mencionadas acima. A mentalização é feita principalmente através do uso de cores, nada mais que diferentes extensões de onda com características próprias. Ainda melhor do que as cores projetadas sobre um indivíduo é o fato de direcionar-lhe bons sentimentos. Isso é o suficiente para criar um determinado comprimento de onda compatível com os respectivos desejos.


As mentalizações no pújá precisam ser acompanhadas de um sentimento sincero de gratidão e satisfação. E o pensamento precisa ser condizente com as palavras e atitudes. Uma outra forma de expressar o pújá é através das ações efetivas, é também agir e não apenas imaginar. O objetivo da mentalização é gerar um arquétipo, um clichê mental, facilitando a conversão do pensamento em ação concreta. É preciso exercitar no plano físico aquilo que se idealiza no plano mental.

Para finalizar deixo a sugestão de um texto para guiá-lo em suas mentalizações, não é exatamente o que fazemos no ashtánga sádhana. Mas que pode ser feito em qualquer momento do seu dia e que você pode adaptar para diferentes ocasiões. Por exemplo quando você estiver praticando Yôga na natureza pode fazer pújá a Terra. Pode reverenciar as forças da natureza quando estiver contemplando o pôr do sol ou o luar.


Então vamos lá….


Sente-se em uma posição confortável, pode ser um ásana com as pernas cruzadas e a coluna ereta, coloque as mãos em prônam mudrá, unindo as palmas das mãos em frente ao peito. Feche os olhos. Faça algumas respirações profundas e procure aquietar-se, se interiorizar, perceber a sua presença no seu corpo… Honre a sua presença no seu corpo, esteja aqui e agora. A cada nova inspiração você mergulha com o ar da pele para dentro e cada exalação descontrai um pouco mais seus músculos abdominais, relaxa seus ombros, sereniza a sua fisionomia. Durante os próximos instantes ficarei em silêncio para que você possa pensar em três coisas pelas quais você é grato em sua vida. Pronto! Agora concentre-se no seu coração, no seu anáhata chakra, sinta que a energia do amor e da gratidão vem dali, deixe que esse amor transborde na forma de uma luz cor de rosa suave, gerando uma redoma em torno do seu corpo, que vai crescendo e se funde com a dos seus companheiros de prática ou as pessoas que estão com você. Sinta que todos agora estão envolvidos numa tônica vibratória de afeto, carinho e amor.


A palestra do Shawn Achor no TED

https://www.ted.com/talks/shawn_achor_the_happy_secret_to_better_work?language=pt-br#t-541185

http://goodthinkinc.com


Recomendação de Leitura:

A força da gratidão (Pújá) / autor: Sergio Santos

O Método / autores: Phil Stutz, Barry Michels

livro O Método
livro pújá a força da gratidão

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