O cultivo da gratidão
No ocidente somos habituados à primeiro receber e depois agradecer. Nas filosofias orientais, como as artes marciais e o Yôga, o reconhecimento aos que nos antecederam no estudo, na prática e no ensino destas filosofias, vem primeiro.
No Yôga, o sentimento de gratidão é cultivado através do Pújá, termo sânscrito que designa oferenda, retribuição de energia ou força interior. Na Índia usa-se muito o pújá externo, expresso através de oferendas materiais como frutas, flores, incenso, doces e dinheiro, essa modalidade é denominada báhya pujá. Em nosso sistema, deixamos o báhya pújá para ocasiões especiais e festivas.
Em nossas aulas priorizamos a prática de retribuição interna, denominada mánasika pújá, que consiste em uma série de mentalizações. Faz-se com profunda concentração, visualizando linhas, raios ou jatos de luz partindo do praticante em direção ao professor e ao local da prática. E a intensidade do pújá está na sinceridade do sentimento.
Assim você cria o clima ideal para praticar. Seja na escola que você frequenta, na sala ou no quarto da sua casa, na praia, qualquer ambiente torna-se ideal para o sádhana, qualquer um destes lugares ficará impregnado de poder e forças positivas.
A função do pújá é gerar o ambiente ideal para a prática e estabelecer sintonia, conexão entre o discípulo e o Mestre, entre o instrutor e o aluno e produzir o fenômeno dos vasos comunicantes: aquele que tem mais deixa fluir para aquele que tem menos. Quando o praticante oferta bons sentimentos e mentalizações ao seu professor, gera-se um campo de força que favorece a identificação entre ambos, consequentemente, ocorre o retorno dessa energia ao aluno na forma de uma aula mais poderosa e transformadora. Quanto maior a empatia entre o discípulo e Mestre, maior é a troca, mais conhecimento flui nesta relação.
A prática do pújá desenvolve algumas qualidades, como: reconhecimento, gratidão, poder de mentalização, senso de hierarquia e lealdade.